segunda-feira, 28 de setembro de 2015

COLUNA CENTRAL

Quando iniciei a “Sala das colunas” pensava, ingenuamente, que poderia alimentar várias secções: coluna central, retratos vazios; artes e letras e, finalmente, coluna fotográfica. A pouco e pouco deixei em ruínas “retratos vazios”. Li alguns retratos em que o alvo se plagiava mutuamente e, por isso, não valeria a pena voltar a pegar na EOS e fotografar de novo as ruínas fixadas. Os objetos focados incendiaram-se mutuamente e, por isso, deixei cair a coluna vazia, cheia de maus retratos. Hoje são apenas ruínas construídas com pedras que deslizaram, uma a uma, pelas encostas da vida.

Artes e letras poderia ser um bom espaço, mas a organização e formatação ”blog” não me dava grande engenho para boas apresentações. O trabalho e tempo que despendia não justificava o produto final. Coluna fotográfica, bem, a coluna fotográfica colocou-me muitas dúvidas. Depois de uma série de exposições, a coluna fotográfica também iria cair? – Também.

Agora, permanecerá apenas a coluna central de porta aberta, onde entrará quem quiser entrar, estará quem quiser estar e conversará quem quiser conversar. As outras colunas não serão apagadas. Ficarão como estão, como papel envolvente de um duro, felizmente curto, pedaço de vida. Construíram o seu espaço, deram o seu testemunho, disseram bem e mal. Viveram e tornaram-se ruínas. Hoje é muito melhor deixar a coluna central sem caras plagiadas de bonecas de palha, ansiosas do poder, ainda que para isso tenham que lixar os outros.

Hoje, olhando os dias que percorremos, as coisas não acontecem naturalmente: são forjadas e forçadas a acontecer. Esquecemos que um dia a verdade ausente do que acontece será sempre a primeira camada de terra que pisamos e que nos pode sujar os pés.


Será assim a nova cara interior da sala das colunas, melhor, da resistente coluna central.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

TANTO TEMPO


Tanto tempo. 11 de Novembro de 2013. Tanto tempo. Mas senti sempre a “Sala das colunas”.




Nessa data publiquei o meu último texto “O ministro e os exames”. Disse mal do ministro – grande desilusão. Depois parei e não me perguntem porquê. Parei e pronto. Simplesmente não me apeteceu escrever. Apenas ler, ver teatro, fotografia, exposições de pintura,  escultura e deixar correr os dias a observar o mundo como se fosse um belo rendilhado do mosteiro da Batalha. Belo. Apontado para o infinito, sempre novo e diferente.

Agora volto. E volto com vontade de permanecer. Não sei até quando  isso “vai acontecer”.
Volto porque surgem notícias danadas e risos bravos de cinismos.

Sempre se cruzaram por mim. Porquê agora? – Não sei.

Não me armarei em armeiro e muito menos em cavaleiro de espada pronta a degolar. Sou apenas. Escrevo apenas. Falo do que me apetecer, das coisas espinhosas... e nem terei a certeza de que valerá a pena. 

Fraco desejo é a bajulice de quem se quer armar em salvador da pátria. Nem bajulices, nem salvador da pátria.


Fiquemos por aqui. Deu para começar.