Nas
escolas portuguesas, correm ventos duros. Cada vez mais
agressivos. Pisam a segurança e o tempo passado, longo, como se nunca tivesse
acontecido.
(N)
As escolas portuguesas trituram o passado, como se não tivesse
existido e ao presente negam toda a esperança, matando o futuro. Ser pessoa já
não conta. A confiança e a serenidade foram desbaratadas e substituídas pela
ansiedade e pelo medo. Os professores transformaram-se em números que produzem mais
números e papéis. Construtores da sociedade, desceram à categoria de objetos
descartáveis em qualquer momento.
Nas
escolas portuguesas, expulsam-se as pessoas que “viveram a
escola” dez, quinze, vinte, trinta anos. Passaram, tristemente, a valer tanto
como o tempo de trabalho do amanhã que não existe: “zero”.
Nas
escolas portuguesas, há pessoas (já nem como pessoas são
consideradas!). Calaram-se os professores e os professores não se podem deixar
calar. Estão todos no mesmo barco. Estamos no mesmo barco. E todos nos calámos
quando era preciso gritar. Agora é preciso recuperar a dignidade estilhaçada.
Para
os professores portugueses, um abraço de solidariedade. Outro
abraço – grande – para os professores da minha longínqua escola, onde o vento
duro teima continuar a soprar, cada vez mais duro.
Trata-se de um texto oportuno, incisivo , de clarividência límpida, que espelha o que vai na alma de qualquer PROFESSOR! Subscrevo integralmente estas superiores palavras e nelas me revejo como se começasse amanhã a docência! Mau demais, o que as sucessivas incompetências fizeram nas minhas escolas,NA MINHA ESCOLA. MEMO REvolto
ResponderEliminarPartilho a "revolta" de Memo REvolto. A incompetência, as experiências continuamente nefastas... fizeram das nossas escolas um local inseguro, onde se tenta sobreviver. O que não se suspeitava há uma dúzia de anos, mas que alguns temiam, veio a acontecer. Demasiado mau.
EliminarSolidária no abraço a todos os professores. Especialmente àqueles a quem a docência está a ser negada. E para que nunca seja tarde demais, aqui deixo uma mensagem de Bertold Brecht (1898-1956), para reflexão:
ResponderEliminarPrimeiro levaram os negros/Mas não me importei com isso/Eu não era negro/.
Em seguida levaram alguns operários/Mas não me importei com isso/Eu também não era operário/.
Depois prenderam os miseráveis/Mas não me importei com isso/Porque eu não sou um miserável/.
Depois agarraram uns desempregados/Mas como tinha o meu emprego/Também não me importei/.
Agora levam-me a mim/Mas já é tarde./Como eu não me importei com ninguém/Ninguém se importa comigo/.
Feliz e oportuna proposta de reflexão de Liliana Mineiro ao trazer à memória este belo poema de B.Brecht que vem sublinhar o abraço solidário. O desastre do ministério de M.L.Rodrigues - e não só - deixou nas escolas um permanente resvalar para o conflito sustentado no "salve-se" o poder e quem puder. Tudo isto foi (é) demasiado mau, como diz Memo REvolto. Oxalá que dentro de cada escola, de futuro, nunca se oiça dizer " como eu não me importei com ninguém/Ninguém se importa comigo". É tempo de todos se importarem com todos.
EliminarConsidero que temos de nos interessar por tudo aquilo que diz respeito a um ser humano! Imprimir nas nossas ações o conceito de OUTRAR de Fernando Pessoa... e banir de tudo quanto for gestão a incompetência e o rapado perfil!!! Memo REvolto
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