Do alto da sua cátedra de magistrado
da nação, disse: - os estudantes não
podem ser meios para atingir os fins.
Depois, respirou um pouco
mais fundo e acrescentou: - é preciso ter
atenção àqueles que são atingidos.
(E os professores não estão
a ser repetidamente atingidos na sua dignidade?)
Disse, está dito.
Sobre a defesa do ensino
público, sobre as causas do desencadear da greve às avaliações, aos exames do
dia dezassete, nem uma palavra…
Estou enganado. Pensando
melhor, talvez a resposta tenha vindo no comboio de Elvas: - Tal como dizia o meu antecessor, o
presidente não governa nem é responsável pela política do governo.
(O que é que o presidente
faz?)
De mãos lavadas, a voz veio
do alto do palanque, ouviu-se junto do aqueduto da Amoreira e ziguezagueou pelo
forte da Senhora da Graça, rosto do medo e joia triste da arquitetura militar.
Não entendo: então os professores
não podem recorrer à greve só porque alguém é afetado? Todas as greves são sustentadas
por determinados objetivos e acabam sempre por penalizar, com maior ou menor
dureza, o dia-a-dia de alguém. De outro modo não faria sentido acionar qualquer
greve. Fazer greve durante o tempo de aulas…é uma festa para os alunos e para o
ministério das finanças. A greve dos professores é justificada e acontece no tempo
certo; o ministro da educação – vendedor
de incoerências e de desilusões – deixou correr o tempo e agora, à deriva,
procura uma tábua de salvação.
As gentes deste reino não
mostraram tantos receios com a greve dos estivadores, da CP, dos transportes,
das transportadoras, mas parecem estar amedrontados com a greve dos professores…porque
sabem que os motivos são razoáveis e suficientes para assim procederem. O que
está em causa é a defesa do ensino público… e é isso que os governantes não
dizem.
Repetidamente
desvalorizados, desrespeitados, humilhados, embrulhados em pilhas de papéis e
de leis que flutuam ao sabor da boa ou má disposição de quem deveria governar,
desiludidos e com um pé no desemprego, os professores estão cansados e apenas pedem
respeito, dignidade e novo rumo para o ensino em Portugal.
Mas,
no dia de Camões, junto do
aqueduto das Amoreiras, bem próximo do medo das ruinas do forte da Senhora da Graça,
falou-se da agricultura que o professor presidente ajudou a destruir.
(Afinal, para que serve um presidente?)
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