quarta-feira, 25 de setembro de 2013

ELEIÇÕES (4)

Expressões da campanha

Depois dos cartazes e das imagens que os preenchiam, fixemo-nos, momentaneamente e sem grandes comentários, nas expressões-slogan  da campanha de alguns candidatos:

- Por um conselho onde os idosos sejam felizes – Gostei desta. Por momentos ainda equacionei a possibilidade de procurar por lá uma casita. É longe, no Minho, mas vale sempre a pena viver numa terra com os idosos a jogar cartas e a sorrirem de felicidade.

- A força de todos por um concelho com melhores transportes públicos – Ótimo, se avariar algum autocarro, a força de todos pode ajudar a empurrar.

 - Juntos conseguimos - apregoava um homem e uma mulher, lá para o norte.

 - Juntos estamos a conseguir - confirmava outro. Não sei bem o que estão a conseguir, mas façam força que acabam por conseguir.

- Ontem, ponte para o futuro – Onde é que eu já vi isto?

- Vale a pena, diz-se para os lados de S. Tirso. Não se diz é o que é que vale a pena, nem para quem.

- Fazer o que ainda não foi feito – repete, pouco original, uma senhora lá para os lados de Esposende. O que está feito não é preciso fazer, não será, minha senhora?

- Ganhar o futuro – garantir a proximidade. Não percebo, mas como também não voto no norte do país, não estou preocupado. O que é que isto quer dizer, senhores candidatos?

- Uma cidade mais à frente. Boa, esta é uma ideia muito à frente… não sei de quê, mas é muito à frente.

- Aqui há futuro. Pois há… bom, ou mau?

- Juntos seremos mais, apregoa-se para os lados de Alpiarça. Já ouvi isto não sei onde, mas nunca cheguei a perceber como é que se faziam as contas. Ignorância minha, é claro.

- Com os dois pés em Lisboa, anuncia um candidato. Esta não lembrava ao diabo. Se não ganhar, onde é que o candidato irá deixar os pés? Penso que os lisboetas não precisam de dois pés. Precisam de pensamento crítico e seriedade… não de mais dois pés a calcorrearem os passeios.

- Sempre consigo – lê-se, algures, no centro do país. Aqui só vejo duas possibilidades interpretativas: ou o candidato consegue fazer sempre tudo e isso pode ser muito bom, ou um perigo, ou o candidato quer estar sempre consigo (comigo). E se eu não quiser? Já anda nestas lides há tanto tempo!... talvez ficasse melhor colocar no cartaz um coraçãozinho ternurento, desses que agora se fazem com as mãos, porque é sabido que os eleitores gostam quase sempre de corações e, assim, entenderiam melhor a mensagem, digo eu.

- Persistência na continuidade. Li isto não sei onde. Acho tão infeliz o lema deste (s) candidato (s), pois até parece que estão satisfeitos com o que está feito; resta saber se os eleitores também estão.
(…)
Se o eleitor tivesse presente os lemas e cartazes dos diversos candidatos com que se cruza a caminho da mesa de voto, provavelmente, desistiria e não votaria. A falta de imaginação, o vazio repetitivo e a pobreza da imagem tornam-se inutilidades que não motivam, nem esclarecem ninguém; são apenas ruídos postados nos cruzamentos e rotundas das aldeias e cidades. Mas o cidadão ignora isso tudo e irá exercer o seu direito de voto. Vota com um resto de esperança que ainda encontra do lado de fora do que se diz e escreve nas campanhas. Ainda bem. Há muito mais sol para além das frases vazias e das inestéticas imagens. Vamos julgar, escolher e votar.

Fiquemo-nos por aqui. Foi uma pequena amostra do que se apregoa por este país, onde as cores e os símbolos do CDS e PSD quase que desapareceram dos cartazes… Mal vai o país em que os próprios partidos que governam têm vergonha de si próprios.



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