Expressões da campanha
Depois
dos cartazes e das imagens que os preenchiam, fixemo-nos,
momentaneamente e sem grandes comentários, nas expressões-slogan da campanha de alguns candidatos:
- Por um conselho onde os idosos sejam felizes
– Gostei desta. Por momentos ainda equacionei a possibilidade de procurar por
lá uma casita. É longe, no Minho, mas vale sempre a pena viver numa terra com
os idosos a jogar cartas e a sorrirem de felicidade.
- A força de todos por um concelho com
melhores transportes públicos – Ótimo, se avariar algum
autocarro, a força de todos pode ajudar a empurrar.
-
Juntos conseguimos - apregoava um homem e uma mulher, lá para o
norte.
- Juntos
estamos a conseguir - confirmava outro. Não sei bem o que estão a conseguir,
mas façam força que acabam por conseguir.
- Ontem, ponte para o futuro –
Onde é que eu já vi isto?
- Vale a pena,
diz-se para os lados de S. Tirso. Não se diz é o que é que vale a pena, nem para
quem.
- Fazer o que ainda não foi feito –
repete, pouco original, uma senhora lá para os lados de Esposende. O que está
feito não é preciso fazer, não será, minha senhora?
- Ganhar o futuro – garantir a
proximidade. Não percebo, mas como também não voto no
norte do país, não estou preocupado. O que é que isto quer dizer, senhores
candidatos?
- Uma cidade mais à frente. Boa,
esta é uma ideia muito à frente… não sei de quê, mas é muito à frente.
- Aqui há futuro. Pois
há… bom, ou mau?
- Juntos seremos mais, apregoa-se para os
lados de Alpiarça. Já ouvi isto não sei onde, mas nunca cheguei a perceber como
é que se faziam as contas. Ignorância minha, é claro.
- Com os dois pés em Lisboa,
anuncia um candidato. Esta não lembrava ao diabo. Se não ganhar, onde é que o
candidato irá deixar os pés? Penso que os lisboetas não precisam de dois pés.
Precisam de pensamento crítico e seriedade… não de mais dois pés a calcorrearem
os passeios.
- Sempre consigo –
lê-se, algures, no centro do país. Aqui só vejo duas possibilidades
interpretativas: ou o candidato consegue
fazer sempre tudo e isso pode ser muito bom, ou um perigo, ou o candidato quer
estar sempre consigo (comigo). E se
eu não quiser? Já anda nestas lides há tanto tempo!... talvez ficasse melhor
colocar no cartaz um coraçãozinho ternurento, desses que agora se fazem com as mãos, porque é sabido que os eleitores gostam quase sempre de corações e, assim, entenderiam melhor a mensagem, digo eu.
- Persistência na continuidade. Li
isto não sei onde. Acho tão infeliz o lema deste (s) candidato (s), pois até parece
que estão satisfeitos com o que está feito; resta saber se os eleitores também
estão.
(…)
Se o
eleitor tivesse presente os lemas e cartazes dos diversos candidatos com que se
cruza a caminho da mesa de voto, provavelmente, desistiria e não votaria. A
falta de imaginação, o vazio repetitivo e a pobreza da imagem tornam-se
inutilidades que não motivam, nem esclarecem ninguém; são apenas ruídos postados
nos cruzamentos e rotundas das aldeias e cidades. Mas o cidadão ignora isso tudo e irá exercer o seu direito de voto.
Vota com um resto de esperança que ainda
encontra do lado de fora do que se diz e escreve nas campanhas. Ainda bem. Há muito
mais sol para além das frases vazias e das inestéticas imagens. Vamos julgar,
escolher e votar.
Fiquemo-nos
por aqui. Foi uma pequena amostra do que se apregoa por este país, onde as
cores e os símbolos do CDS e PSD quase que desapareceram dos cartazes… Mal vai
o país em que os próprios partidos que governam têm vergonha de si próprios.
Sem comentários:
Enviar um comentário