segunda-feira, 28 de maio de 2012

O Tio Zé


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No meio de publicidade, o correio eletrónico entregava-me uma estória. Li. Era uma “Estória com gente dentro” (Sic, 2009).

 Parei um pouco e… por que não publicá-la n,“Sala das colunas”? “…É uma Ágora simples, onde a conversa pode seguir longa e pernoitar… espaço onde podem acontecer encontros do falar…sobre…” (in, Sala das colunas, 2012, março). Espaçosa, permanentemente aberta a novas experiências, leituras, estilos, testemunhos e a estórias como “ O Tio Zé”.

“Estórias com gente dentro” não relevava o jornalista. Também aqui, o autor não aparece. Com o seu conhecimento, mas à revelia, o texto vai ser instalado e divulgado na coluna principal da “sala das colunas”. “ O Tio Zé” , ou uma estória tecida de rosas com gente dentro.

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                                                                                    O Tio Zé

 A notícia apanhou-a desprevenida, como todas as más notícias. A notícia da morte do tio Zé, há muito anunciada, chegou pelo telefone às dez horas da manhã daquele dia cinzento de Fevereiro, tão cinzento e tão triste que nem a chuva quis aparecer. Só o vento – gélido, cortante- disposto a levar para longe tudo o que não interessasse ficar por perto.

 Na sua azáfama familiar, a única coisa que lhe ocorreu foi como iria gerir a sua ausência de casa, nessa tarde, à hora do funeral. Não tinha aulas e tal facto facilitaria as coisas. Tinha, sim, duas consultas médicas mas, felizmente, só teriam lugar ao fim da tarde, o que lhe dava uma certa margem de manobra. Depois do almoço, foi comprar flores. Dois arranjos para as campas da mãe e do sogro e um ramo para o defunto do dia.

Na florista, pediu exatamente o tipo de flores que queria para os arranjos habituais mas, quando a empregada lhe perguntou que tipo de ramo queria, hesitou. Afinal, não conhecia assim tão bem o tio Zé. Será que ele gostava de flores? E se gostava, teria flores favoritas? Pelo que conhecia da sua vida, ela não tinha sido nada fácil. Seria que algures no meio dos seus quotidianos teria havido tempo e espaço para flores? Fez um esforço de memória mas, nada.

      - Faça como entender - respondeu pouco à vontade.
      - É para um senhor ou para uma senhora? – perguntou, solícita, a empregada.
Os estereótipos têm um efeito de ação prolongada, muito prolongada – pensou para consigo. E, mais uma vez, a menina rebelde dentro de si achou que deveria fazer a sua parte.
      - Isso não é relevante. Quero um ramo bonito, só isso.
A empregada, uma rapariga na casa dos trinta, corou, visivelmente embaraçada.
     - Desculpe. É que normalmente…
     - Eu sei, eu é que peço desculpa.
     
Fazia-lhe confusão que alguém tão novo pudesse aceitar papéis pré – definidos sem qualquer negociação e parecesse disposto a perpetuá-los devolvendo gestos, mostrando ou escondendo sentimentos visando, pura e simplesmente, a sua adequação às circunstâncias.

À medida que o ramo ia começando a ganhar forma, a sua atenção concentrava-se nas flores que iam sendo adicionadas e combinadas: estrelícias, aspidistras, paus de bambu e, de repente, aquela sensação de mau – estar que não conseguia explicar. Percorreu, com o olhar, todo o espaço em redor à procura de qualquer coisa que a sossegasse. De repente, os seus olhos pousaram num enorme jarrão de rosas brancas silvestres, daquelas que despontam sem eira nem beira e que, certamente por traquinice, parecem recrear-se a abrir as portas aos ventos que nos trazem memórias adormecidas, mas sempre alerta, prontas a atirarem para longe as lembranças vizinhas do ontem recente.

 Sentiu saudades. E a saudade mistura tudo, não conhece o tempo. Não sabe o que é o antes e o depois. Tudo é presente. E o presente trazia-lhe, agora, o cheiro intenso das flores da sua infância, daquelas flores. Usava-as misturadas, brancas e cor-de-rosa, sempre que queria engalanar qualquer espaço de festa. Curiosamente, não se recordava onde costumava colher as brancas, mas lembrava-se onde colhia as cor-de-rosa. Havia imensas junto ao poço do pomar do avô Jorge onde alternavam, conforme a época do ano, com os lírios roxos, os jarros e os malmequeres.

  - Quero aquelas!
  - Como disse? – perguntou, espantada, a rapariga.
 - Peço desculpa, o que eu quero dizer é que também quero um ramo daquelas.  Das brancas, lá ao fundo.
  - Com certeza! – anuiu a florista entre a surpresa e o agrado. Afinal, sempre era mais um ramo e o dia não augurava grande movimento na loja.

 De volta ao parque de estacionamento, depositou as estrelícias na mala do carro, com todo o cuidado, como se pedisse desculpa pela afronta por que tinham acabado de passar na loja e, pegou, de braçada, as rosas silvestres. Colocou-as a seu lado, no banco dianteiro do carro e seguiu para o funeral.
       
À entrada da igreja, os homens aglomeravam-se, sob o ar gélido da tarde, em torno de conversas sussurradas e risos nervosos. Lá dentro, as mulheres devolviam à comunidade as palavras e os gestos aprendidos, num ritual de fé que nada apressa mas que também nada detém. Ali estava o universo feminino na sua plenitude, sempre de braço dado com o nascimento e a morte. O resto da vida, aquela que acontece entre esses dois momentos, continuava, por ali, a ser assunto de homens. E era disso que se falava do lado fora da porta.

Percorreu, detalhadamente, a igreja com o olhar, como sempre fazia nas suas raras visitas à terra. Gostava daquela luz, daquele ambiente florido, daquelas toalhas de linho bordadas e, sobretudo, da imagem simples de S. José oferecida por um seu devoto homónimo, da aldeia. Só depois de se ter ambientado ao local se aproximou do tio José. Depositou as flores junto à urna e ali ficou, em silêncio, sem saber o que havia de dizer ao tio que terminara a sua caminhada e que, certamente, olhando-a de algum lugar, esperava uma palavra sua. Mas ela não tinha nada para lhe dizer. Na verdade, ela não tinha memória de conversas com o tio. Ainda muito pequena, as suas vidas tinham seguido rumos diferentes e os seus encontros tinham-se limitado a breves trocas de palavras em celebrações familiares ou encontros casuais. Mas guardava do tio muitas imagens felizes, uma espécie de filme antigo, sem som, com muitos cortes devidos às marcas do tempo. Lembrava-se do seu casamento – ele era o mais novo dos seis irmãos – com uma linda rapariga de uma aldeia vizinha. E de como ele tinha abandonado, correndo, o grupo que se preparava para tirar uma fotografia com os noivos só para conseguir chegar até ela antes que ela chegasse às flores de aroeira brava que se preparava para colher, indiferente aos espinhos pontiagudos que se escondiam nelas. Não parecia ter aprendido muito com isso porque ao longo da vida tinha repetido essa e outras ousadias, vezes sem conta. Também se lembrava de passear às cavalitas do tio no arraial, por altura das festas de verão e de como era divertido poder, desse modo, chegar aos balões e aos enfeites recortados em papel a que também os outros miúdos aspiravam, sem sucesso. O tio devia achá-la uma ingrata. Em guisa de desculpa, perguntou em pensamento:
    - Gosta das flores que lhe trouxe?

É claro que não esperava resposta mas ajudá-la-ia a sentir-se melhor. De súbito, apercebeu-se que alguém se aproximava discretamente e lhe metia o braço no seu.

        - Olá, prima! Sabias que estas eram as flores favoritas do meu pai? Lembras-te do roseiral de rosas bravas brancas que cobria a cerca que separava a velha serração, da casa em que vivíamos, quando eu era pequeno? Era um sítio perigoso do qual não nos deixavam aproximar devido ao arame farpado, mas era lindo de se ver ao longe. A minha mãe costumava contar que o meu pai, às vezes, saía mais cedo para o trabalho para regar as roseiras antes de os empregados chegarem e, outras vezes, pedia a um deles que as regasse antes de largarem o trabalho, ao fim da tarde. Até ao dia em que alguém lhe disse que se não fossem regadas o seu cheiro seria muito mais intenso e ele deixou de o fazer. Contava, ainda, que em épocas festivas como a visita Pascal ele te apanhava saquinhos de pétalas para misturares nas flores com que atapetavas a entrada da tua porta.

Invadiu-a um turbilhão de emoções, de lembranças perdidas no tempo. Não, não se lembrava. Em redor, o silêncio falava de fins e princípios, de sucessões e descontinuidades, do que parte e do que fica, desse tempo inaugural de nós, em que tudo estava certo e nós éramos os outros e os outros nós. Do tempo que o corpo pode não lembrar mas que a Alma não esquece.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

É sempre tempo de olhar a flor-de-lis


É sempre tempo de  olhar a flor-de-lis

Com o tempo, vamos mudando o lugar das coisas simples; são simples causa menor e passam-nos ao lado. Não falámos, não telefonámos, não bebemos um copo e o brinde ausentou-se. Ficámos por aqui.

A gata panda saltou de um sofá para o outro e veio alojar-se num cantinho para não ser incomodada, nem incomodar ninguém. Anichou-se e por ali ficou, sem mandar recado, sem escrever, sem digitar mensagem, sem telefonar. Afinal é analfabeta e também já não vai a tempo das novas oportunidades. Morreram antes de chegarem a velhas, como tantas outras experiências que não chegam a experienciar nada. Mas a panda gostou que acabassem; assim já não a aborrecem no nicho do seu descanso.

 Anichamo-nos num café a olhar o tempo, a biblioteca, o rio e um ou outro Carlos, António, Isabel, Maria, Joaquim a conversarem em silêncio, aos gritos consigo, a caminho do carro.
Carlos, ou outro com qualquer outro nome, está a tentar abrir um carro que não é o dele. Carrega nos botões do comando ajudado pela energia de meia dúzia de palavrões, mas a máquina não lhe obedece. A porta não se abre. A viatura estacionou noutro local e o comando não sabe asneiras, não se assusta e não destrava a porta da viatura que enganou o dono.

Já é tarde e não telefonámos.
-Tentemos agora.
- Água e café, por favor.
As palavras flutuam e deambulam em torno do castelo alindado de vermelho e amarelo; do rio cansado que se transformou em lagoa alongada de água para os patos se aconchegarem junto das piscinas, monstruosamente abobadadas, onde os pardais se recusam agasalhar e a aninhar.

Estamos na primavera. Um casal de melros saltita por ali. A flor-de-lis desperta. A panda dorme.
Paramos e dormitamos um pouco do tempo à mesa de um pequeno café, a ver coisas simples.

-Deveríamos ter telefonado.
Às vezes, um simples telefonema pode fazer com que o rio nunca deixe de o ser, o castelo continue a ser belo e os pardais, sempre a nicarem, não se recusem a fazer ninho no assombro da cobertura e a panda deixe de dormitar naquele sofá.

 Retiramos as coisas simples do olhar e esquecemo-nos de fumar um cigarro depois do almoço, com os amigos. Acomodamo-nos, como a gata, no recanto do sofá ou no pequeno café, depois… ficamos muito preocupados, desconcertados, albardamo-nos com a manta do esquecimento, desculpamo-nos e justificamos a manta e o esquecimento. Andamos distraídos a beber água e café para não adormecermos e não entendemos a beleza da flor-de-lis, o rio cheio de artrites, o riso de quem sorri, as portas que não se abrem, os patos a descansarem e o silêncio da panda a dormir.

Descuidados, lemos muito ou pouco, vamos poucas ou muitas vezes às bibliotecas e, sem dar por isso, entramos em falência momentânea com o nome de Plauto, Truculento, Fronésio – antífrase – e de muitos outros, que a memória não é de tempos vindouros.

-Até logo - diz-se para não se ficar calado. Evitam-se os silêncios e somos simpáticos. Banalizamos o telefone e os telefonemas, os recados e as pessoas que fazem os recados, as mensagens e os donos dos dedos que carregam as mensagens. Vulgarizamos as palavras que deveriam ficar por dizer.

-Telefonemos, agora.
-Não. Ficamo-nos por aqui.

Pensando melhor, ainda que um pouco fora de horas, não nos esquecemos: parabéns! É sempre tempo de enviar uma flor-de-lis. É sempre tempo de olhar a púrpura fulgurante da flor-de-lis. 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Estamos bem aqui

                                                                                      Estamos bem aqui

Estamos bem aqui. Somos protegidos pela calma de um limpo som suave de música clássica. Sentimos o devanear da chuva, o sabor da paisagem e o vento a espalhar aguaceiros que salpicam a lagoa de ressaltos efémeros.
- Que tempo!
Não sabemos se o desabafo é de alegria ou de tristeza ou, simplesmente, um olhar sobre este tempo indefinido.
Lá fora, o lago estende-se por entre encostas. As margens listadas de terra barrenta, quase vermelha, alicerçam os grandes declives que se prolongam de verde, hoje acinzado. Nos céus ciranda uma ave.
Uma casa encastelada eleva-se acima do casario que vai descendo receoso até à lagoa onde, estático, se revê no espelho de água.
Espalhadas pelas ruas estreitas, há paredes escangalhadas, telhados reduzidos, derrubados, cheios de buracos que algumas chapas zincadas teimam em tapar; aqui e ali, paredes recuperadas, brancas, colocam um travão macio ao longo abandono.
Ao longe, o céu velho não cintila o suficiente para nos obrigar a fechar o olhar sobre a casa lá no alto, forte, vaidosa e triste.
A janela grande, encostada à mesa, coberta de um som suave de música clássica, deixa escorrer carreiros de gotas de chuva que envidraçam ainda mais o tempo.
- Façamos aqui uma pausa no dia. Amaciou o tempo. Caminhemos pela aldeia.
Dois automóveis para duas pessoas, um espelho emoldurado de verde no cruzamento com uma casa velha e a rua principal e uma pequena capela alindada com duas grandes panelas de ferro arrumadinhas à entrada. Um pequeno largo e mais ninguém.
Na minha casa não havia panelas grandes, mas as que havia tinham o mesmo número de pés, de asas e uma só tampa partida nos rebordos. À volta da casa estendiam-se terras de milho. Havia um poço, havia sol e chuva e muitos pássaros.
À lareira, divertíamo-nos, desapressados, aproximando as brasas ou afastando as chamas das panelas para que não fervessem demasiado e deitassem fora.
- Olha ali aquela aldraba?
- Ali… seria o curral da burra. – Não, o burro não desce escadas, talvez arrecadação.
- Não é verdade: há muitos burros que apenas querem subir, com ou sem escadas, mas nem por isso deixam de ser burros.
- Mas esses burros são outros burros, de alimento farto e bom descanso.
- Não, não é nada disso… com a recuperação da aldeia, as estradas subiram e as casas desceram. Como em tudo na vida: se alguém sobe as escadas, haverá sempre alguém que as desce a passos largos.
Somos levados pelas ruas serpenteantes.
Cruzamo-nos com uma janela ainda com um resto de cortinas. A lareira da casa está sem fogueira e um púcaro, esquecido, continua dependurado na parede verde descaliçada…Quase tudo permanece, os donos é que se foram embora, quando, pela última vez, assinaram os pequenos trastes com as marcas de uma visita que foi acontecendo ao sabor dos dias… a caminho de um largo lago, sempre à espera do azul do céu.
“Da casa não partimos nunca. Apenas a
rodeamos, andamos em volta.
Não trilhamos outro caminho que não seja o do
regresso.

A memória prende-se a este chão. Ali
permanecemos ao nascer do sol
ou quando a lua acende no nosso coração
passos de outrora, apagadas recordações. Vozes.

Todos os mortos se esqueceram de dizer adeus                               


(EDUARDO BENTO, A casa já não abriga vozes, 2011)

Fui ficando para trás. Cruzei-me de novo com as panelas grandes em frente da capela pequena. Já não servem para preparar o caldo feito farnel para o dia de trabalho. Hoje são apenas floreiras cheias de areia e de memórias.
Não é preciso uma capela grande quando a população é pequena e a fé ainda mais pequena. Quem vem, não fica. Passa, vê o olhar do lago e por ali vive algum tempo, descansado,  à espera de sol que hoje se esqueceu de Zeboeira.


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Exposição de pintura - Graça Martins e Alexandra Sirgado

PINTURA 
GRAÇA MARTINS E ALEXANDRA S. RODRIGUES  EXPÕEM DE 3 A 17 DE  MAIO
HOTEL DOS CAVALEIROS
ESTÚDIO ALFA - TORRES NOVAS

GRAÇA MARTINS - Doutoranda na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Barcelona.
- Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
- Mestrado em Ciências da Educação.
- Licenciada em Artes-Plásticas Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
- Curso de Artes Gráficas da Escola António Arroio.
- Várias exposições individuais e coletivas.
1996 - 1º Prémio de pintura "Mestre Lima de Freitas" no "II Prémio de Pintura-Jovens Pintores" da Fundação Rotária Portuguesa/Cruz Vermelha Portuguesa, Lisboa.
2009 - Diploma de Mérito na “1ª Bienal Internacional de Pintura” da FRP. Coimbra.

"Nesta exposição apresento trabalhos "avulsos de tinta c/poema", "há princesas cá em casa" e as duas obras que estiveram em Coimbra em 2009 no âmbito da 1ª Bienal de Internacional de Pintura". 
Contacto: mg_martins@hotmail.com

ALEXANDRA SIRGADO RODRIGUES 
- Assistente Técnica de Biblioteca e Documentação na Biblioteca Municipal Gustavo
Pinto Lopes, em Torres Novas.
- Licenciada em Gestão de Recursos Humanos, pelo ISLA Santarém.
- Pós-Graduada em Livro Infantil, pela Universidade Católica Portuguesa (2010).


"A pintura surge por curiosidade....é sempre uma tentativa de transpor para a tela,cores, texturas e formas que imagino....que gosto , que sinto.
É um desafio!


O meu trabalho tem-se definido em dois conceitos distintos: Um, que retrata formas abstractas em contraste de cor, e outro que se aproxima do estilo "naif".


Hoje em dia trabalho bastante com "pastas" e acrílico, técnica que me dá uma enorme possibilidade de criar diversas composições".
Contacto: xana.sirgado@gmail.com


(Fotos efectuadas por FPP com prévio conhecimento das autoras - ver Coluna Letras e Artes)