Há cerca de um mês, li no
jornal diário (CM,10-12-12) que ”Cristiano Ronaldo quer ser ator”. O internacional
português já tomou a decisão sobre o seu futuro quando pendurar as chuteiras: a
representação. No corpo do texto apresentam-se ainda outras hipóteses:
treinador, comentador ou ator.
Só o facto de manifestar os
seus desejos mereceu uma chamada na primeira página do CM e uma central
completa. Algo vai mal no mundo da informação e pior ainda na construção e
divulgação dos valores que alicerçam esta sociedade.
Não sei bem se este assunto -
elevado à categoria de notícia - nos deve fazer rir, ou chorar. Vale tudo,
deseja-se tudo. Basta ter dinheiro. De fora fica a força interior, o poder da
arte, a capacidade, o talento, a alma do artista que se transformaram em coisas
menores neste tempo de monopólios monetários.
Treinador, comentador ou
ator são coisas iguais, ou pelo menos possíveis, para Cristiano. Por que não
pedreiro, político (isso político!), jornalista, modelo (encaixa tão bem!), fiscal
das finanças, primeiro-ministro ou presidente da república? O artista da bola
quer e pode ser artista do que lhe apetecer. Terá muita gente a aplaudir, não
tanto pela escassa cultura que tem demonstrado nas entrevistas, nem pelo seu
frágil poder de comunicação, (comentador?)
mas porque tem o poder da fama. O
homem é bom de bola.
Por mim, pensava que para
ser artista não bastava querer. Possuir uma
arte significa ter talento e isso ou se tem ou não se tem. Pode desenvolver-se,
mas não é possível criar talento. Não basta abrir a carteira e...já está. Cristiano
saberá disso?
Esperemos para ver o que se segue
nos bastidores e como o poder do dinheiro tece o urdimento: comentador,
treinador ou ator. Talvez apareça por aí um comentador sem palavras, ou um ator
sem texto, mas com as palmas da fama.
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