HAJA
LUZ !
A EDP enegreceu a noite de
sexta-feira. Sexta-feira, sábado, domingo, segunda, (vim a saber que a participação da avaria, nem sequer tinha sido registada) terça, quarta-feira…
É demasiado tempo! Deverá
haver uma solução… Perguntemos a quem, provavelmente, sabe mais disto do que
eu.
Perguntei e disse que todos
os dias ouvia a mesma música que me estava a deixar meio maluco, que na
segunda-feira ainda não tinham registado nos serviços de avarias da EDP a
avaria, embora a comunicasse no sábado, domingo e segunda, que corria o risco
de ficar meio surdo, que às vezes não me atendiam, que a última menina que me
atendeu deveria estar cansada e mal-humorada, que mal se percebia e parecia ser
chata e sem jeito para aquilo… enfim, um monte de lamentações que certamente
apenas serviram para provocar o riso aos operadores da EDP.
-Lamentamos, não podemos
fazer nada, a não ser reforçar o seu pedido.
- Obrigado. Não vale a pena
dizerem mais nada. Já disseram tanta coisa…
Não vou massacrar mais os
operadores que simplesmente cumprem a sua missão de salvar a cara dos milhões
dos outros. O consumidor é apenas um grão de areia. Os acionistas é que contam.
Ainda por cima estou no fim da linha!
A EDP não estava minimamente
preparada para uma situação de emergência, nem as mentiras do seu chefe máximo
convenciam quando, decorridos quase oito dias, dizia que havia apenas um número
muito reduzido de habitações sem luz.
Falava-se por aí que para
dois concelhos com diversos estragos havia apenas uma brigada. Duas pessoas.
Para a EDP eram, provavelmente, o suficiente. A quantidade de pedidos de
reparação demonstrava que não era.
Quando chegar a altura, vamos pagar a fatura
quer se faça luz cedo ou tarde. E, muitas vezes, o dinheiro não chega para
pagar o que tardou em chegar.
Para muitos, oito dias de
espera foi demasiado tempo. Apesar de tudo tive um pouco mais de sorte. Cinco
dias e pouco. Num belíssimo fim de tarde de quarta-feira, chegou a luz
elétrica.
Pausa. A luz elétrica chegou!
Apagaram-se os cadeeiros a
petróleo.
Fixei as lâmpadas e não lhe
achei piada. Trouxeram-me à memória outro tempo. Arrumei os candeeiros e
recomecei a ter saudades do tremelicar da sua luz, das chaminés que se partiam
facilmente e da lareira quente da minha meninice.
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