terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

AVARIAS (2)



HAJA  LUZ !

A EDP enegreceu a noite de sexta-feira. Sexta-feira, sábado, domingo, segunda, (vim a saber que a participação da avaria, nem sequer tinha sido registada) terça, quarta-feira…

É demasiado tempo! Deverá haver uma solução… Perguntemos a quem, provavelmente, sabe mais disto do que eu.

Perguntei e disse que todos os dias ouvia a mesma música que me estava a deixar meio maluco, que na segunda-feira ainda não tinham registado nos serviços de avarias da EDP a avaria, embora a comunicasse no sábado, domingo e segunda, que corria o risco de ficar meio surdo, que às vezes não me atendiam, que a última menina que me atendeu deveria estar cansada e mal-humorada, que mal se percebia e parecia ser chata e sem jeito para aquilo… enfim, um monte de lamentações que certamente apenas serviram para provocar o riso aos operadores da EDP.

-Lamentamos, não podemos fazer nada, a não ser reforçar o seu pedido.

- Obrigado. Não vale a pena dizerem mais nada. Já disseram tanta coisa…

Não vou massacrar mais os operadores que simplesmente cumprem a sua missão de salvar a cara dos milhões dos outros. O consumidor é apenas um grão de areia. Os acionistas é que contam. Ainda por cima estou no fim da linha!

A EDP não estava minimamente preparada para uma situação de emergência, nem as mentiras do seu chefe máximo convenciam quando, decorridos quase oito dias, dizia que havia apenas um número muito reduzido de habitações sem luz. 

Falava-se por aí que para dois concelhos com diversos estragos havia apenas uma brigada. Duas pessoas. Para a EDP eram, provavelmente, o suficiente. A quantidade de pedidos de reparação demonstrava que não era.

 Quando chegar a altura, vamos pagar a fatura quer se faça luz cedo ou tarde. E, muitas vezes, o dinheiro não chega para pagar o que tardou em chegar.

Para muitos, oito dias de espera foi demasiado tempo. Apesar de tudo tive um pouco mais de sorte. Cinco dias e pouco. Num belíssimo fim de tarde de quarta-feira, chegou a luz elétrica.

 Pausa. A luz elétrica chegou!

Apagaram-se os cadeeiros a petróleo.

Fixei as lâmpadas e não lhe achei piada. Trouxeram-me à memória outro tempo. Arrumei os candeeiros e recomecei a ter saudades do tremelicar da sua luz, das chaminés que se partiam facilmente e da lareira quente da minha meninice.


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