Início ou fim de festa?
Como qualquer comum cidadão
– com a ressalva de já não ter horários rígidos para cumprir – segui estrada
fora, alheio a qualquer rota bem definida.
Cruzo algumas aldeias e
cidades enleadas de verde e ruas escondidas coloridas de papel, alecrim e
murta; outras já deixavam perceber que a festa estava a esvair-se no tempo: pétalas
de papel a adejar ao sabor do vento, arcos depenados de verdura, fitas pelo
chão. Sinais de fim de festa.
Mas, por este país fora, encontrei
outra festa:
gigantones politiqueiros
emoldurados, de triste figura, sorriso forçado, bajulador e, pretensamente,
cativante de simpatias alheias. Faziam o frete de estarem ali a imitar risos por
entre rugas mal disfarçadas. Enfim, ossos do ofício de dinossáurios da política
de careta postada em cada esquina.
Vi um pouco de tudo: cartazes
a cores, a preto e branco, pequenos, grandes, solitários ou em grupo. Alguns,
mais simples, mostram a cara dos candidatos e uma ou outra frase vulgar,
outros, tanta é a gente fotografada que se confundem com uma equipa de futebol
à procura do campeonato que teima em fugir-lhe. Há ainda os pares de
presidentes, ridentes e calculistas, protetores vagos, fantasmas e anjos da
guarda de exercícios passados.
Ao longo da minha viagem li tantas frases de propaganda que não resisti a tomar nota de algumas delas. Do vazio da mensagem e dos risos, aqui se fará breve propaganda, sem nunca esquecer de que o país está em crise, indigente, mas em campanha eleitoral...
…levada a cabo pela vera-efígie da gente fantasma que o deixou de rastos, de mão estendida e a que ninguém tem coragem de pedir contas.
Sem comentários:
Enviar um comentário