Quando iniciei a “Sala
das colunas” pensava, ingenuamente, que poderia alimentar várias secções: coluna
central, retratos vazios; artes e letras e, finalmente, coluna fotográfica. A
pouco e pouco deixei em ruínas “retratos vazios”. Li alguns retratos em que o
alvo se plagiava mutuamente e, por isso, não valeria a pena voltar a pegar na
EOS e fotografar de novo as ruínas fixadas. Os objetos focados incendiaram-se
mutuamente e, por isso, deixei cair a coluna vazia, cheia de maus retratos.
Hoje são apenas ruínas construídas com pedras que deslizaram, uma a uma, pelas
encostas da vida.
Artes e letras poderia
ser um bom espaço, mas a organização e formatação ”blog” não me dava grande
engenho para boas apresentações. O trabalho e tempo que despendia não justificava
o produto final. Coluna fotográfica, bem, a coluna fotográfica colocou-me
muitas dúvidas. Depois de uma série de exposições, a coluna fotográfica também
iria cair? – Também.
Agora, permanecerá apenas
a coluna central de porta aberta, onde entrará quem quiser entrar, estará quem quiser estar e
conversará quem quiser conversar. As outras colunas não serão apagadas. Ficarão
como estão, como papel envolvente de um duro, felizmente curto, pedaço de vida.
Construíram o seu espaço, deram o seu testemunho, disseram bem e mal. Viveram e
tornaram-se ruínas. Hoje é muito melhor deixar a coluna central sem caras
plagiadas de bonecas de palha, ansiosas do poder, ainda que para isso tenham que
lixar os outros.
Hoje, olhando os dias que
percorremos, as coisas não acontecem naturalmente: são forjadas e forçadas a
acontecer. Esquecemos que um dia a verdade ausente do que acontece será sempre
a primeira camada de terra que pisamos e que nos pode sujar os pés.
Será assim a nova cara
interior da sala das colunas, melhor, da resistente coluna central.
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